sexta-feira, setembro 21, 2007

Entrevista do Presidente do PSD de Seia ao jornal Porta da Estrela

Presidente do PSD de Seia faz balanço negativo da gestão socialista
Andrade Ferreira acusa Presidência da Câmara de Seia de “não agarrar” os empresários .


Na semana em que a EDP anunciou a criação de 250 novos postos de trabalho para Seia, o Presidente da Comissão Política Concelhia local acusa a Presidência da Câmara Municipal de ignorar a intenção de «um grande grupo português» em investir no Concelho». Disse ao PE que teve conhecimento do investimento mas que o tempo que a autarquia levou a reunir com o empresário em causa fez com que tal empresa «se instalasse num concelho vizinho».António Andrade Ferreira, economista, natural de Vinhó, Gouveia, onde nasceu em 1964, vive em Seia desde 1996. Casado, com um filha, foi professor na Escola Evaristo Nogueira, em São Romão, assessor da direcção da Escola Profissional da Serra da Estrela, em Seia, dirigiu o Centro de Apoio à Criação de Empresas (CACE) e é actualmente técnico superior do IEFP em Seia, na área da formação. Na extensa entrevista que o PE divulga agora em três páginas, o Presidente do PSD de Seia diz que decidiu candidatar-se porque pretende «recuperar a credibilidade» do partido, que «nos últimos tempos vinha a desmobilizar-se». Considera que o Concelho «está um bocado apático» e para inverter a situação promete elaborar um plano estratégico para identificar e discutir os problemas. Salienta que o executivo municipal socialista «tem falta de dinamismo» e, entre várias propostas que avançou, defendeu que a Câmara deve criar uma Sociedade Gestora para gerir o Parque Empresarial da Abrunheira.


Foi eleito recentemente, em lista única, Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Seia. Como é que surgiu a decisão de se candidatar?
Por um lado já há algum tempo sentia que vinha reunindo algumas condições para o efeito, e até um conjunto de algumas pessoas. Sentia que podia formar uma equipa que pudesse fazer um trabalho com profundidade. Por outro lado, houve um momento em que era preciso tomar uma decisão: o partido estava numa situação transitória e tínhamos que contribuir com o nosso trabalho para que o PSD pudesse ter alguma esperança e pudesse experimentar alguma remodelação. Era importante essa esperança e essa remodelação. Sentia que o partido ainda tinha e tem condições para poder ter uma intervenção na comunidade senense, sobretudo virada para os senenses, e sabia que nas hostes do PSD havia um conjunto de militantes que, pelas conversas que íamos tendo, ao longo dos tempos, me dariam o seu apoio se eu encabeçasse uma lista; e isso foi fundamental. O “timing” foi curto e agradeço-lhes a confiança que depositaram em mim. Nesse “timing” curto, em todas as pessoas que abordei, talvez por esta experiência passada, encontrei uma resposta positiva e todos elas acreditaram nas ideias em que fomos conversando, principalmente na de que podíamos trabalhar para Seia.


Neste momento a Secção de Seia tem quantas pessoas filiadas?Sei que com quotas pagas tem 88 e inscritas 200 a 220 pessoas.


E como é que vê o facto de nessas eleições, em que ganhou praticamente por unanimidade, terem apenas votado cerca de 40 militantes? Isso é um sinal que tem da sua parte um determinado tipo de leitura que extrapola para aquilo que é o PSD em Seia hoje ou haverá outras causas que expliquem o sucedido?Sejamos frontais e falemos com clareza. O PSD nos últimos tempos vinha a desmobilizar-se um pouco. É, pois, um trabalho árduo que nós vamos ter que fazer: recuperar e voltar a mobilizar o PSD. Dessas 88 pessoas de que falava, cerca de 20, que poderiam ter vindo votar, disseram-nos que não iriam estar presentes, mas o mais significativo é que era uma altura em que o próprio partido, pela sua instabilidade, também não era muito atractivo para os seus militantes, embora eu ache que, comparativamente à anterior, veio votar nesta eleição um elevado número de pessoas; e o partido estava numa fase de alguma convulsão interna.


O eventual afastamento dos militantes não se deve também ao facto de as eleições se terem seguido à eleição da Comissão Política Distrital, que “dividiu” a Concelhia de Seia?Esse é um problema real. Houve uma separação, houve uma divisão. Mas eu não senti isso no apoio que me deram, porque quando formei a lista nem sequer pensei nessa situação. Formei-a com os elementos que achava importante reunir, contactei todos os militantes e recebi de todos o apoio indiscriminadamente, até porque nós não sabemos quem apoiava uns e outros [candidatos às eleições distritais]. Eu presumo que isso não se terá manifestado nesta eleição concelhia.


Rejeita, portanto, a ideia de que esta Comissão Política Concelhia do PSD surgiu, de alguma forma, com a necessidade de apoiar aqui o novo Presidente da Comissão Política Distrital em Seia?Nós surgimos, sobretudo, e isto é importante que fique, não pondo nem equacionando qualquer outra solução a não ser esta: existe em Seia um momento delicado, olhamos para as famílias, olhamos para as empresas, olhamos para o comércio, e sendo este um momento muito delicado foi isso que nos trouxe à luta, não foi qualquer outra situação, que, repito, nem sequer foi equacionada. Não houve mais nenhuma situação equacionada a não ser esta e este é o momento em que somos obrigados a contribuir para o Concelho. Foi só este o objectivo que nos levou a constituir uma lista, obviamente sentindo que o PSD tem em Seia uma obrigação de trabalhar.

Quais são agora os principais objectivos políticos e estratégicos do PSD de Seia?Imediatamente recuperar a credibilidade do PSD e aumentar o número de militantes. Também não quero fechar o PSD só no PSD, antes pelo contrário. Pelo nosso trabalho, pelas nossas propostas e pela forma como nos vamos posicionar, gostaria que o PSD fosse o que foi outrora: um partido aberto, que deixasse de estar dentro destas quatro paredes e dentro dos seus conflitos internos e começasse, sobretudo, a trabalhar para a comunidade. Só ganhamos credibilidade e só somos importantes na comunidade quando o fazemos e esse é o nosso grande objectivo. Para já, e até daqui a dois anos, queremos contribuir com as nossas propostas e com as nossas críticas para que o Concelho mude. Nós sentimos que o Concelho está um bocado apático e com a oposição que nós pretendemos fazer vamos contribuir para que isto mude. Daqui por dois anos queremos estar a lutar pelo poder, até porque o PSD é um partido de poder.


Quer dizer que vai mudar o tipo de oposição que vem sendo feita ou vai manter a mesma linha de rumo que vem sendo executada nos últimos dois anos?Um partido que quer ser poder tem que ter propostas concretas de resolução dos problemas das pessoas e essa vai ser a nossa linha e a nossa conduta.


Não é a que tem sido seguida até agora em Seia por parte do PSD?Tem sido, mas não tem tido a visibilidade que muitas vezes seria necessário ter. E nós queremos fazê-lo de uma forma que acho que até hoje não terá sido adoptada. No PSD todos nós temos alguma culpa nessa questão, por nunca ter sido feito um planeamento estratégico destas coisas. Vamos apresentar-nos aos senenses, discutir e conversar com os senenses – às vezes temos conversado dentro da vereação, dentro da Assembleia Municipal e temo-nos esquecido também muito de ir ao terreno conversar com as pessoas, ouvir as pessoas, fazer propostas, sugerir. Nós temos um trabalho árduo que queremos fazer: é um plano a 10 anos, um plano em profundidade para discutir e identificar os problemas do Concelho de Seia. E esse plano queremo-lo fazer ao nível da aldeia. Isso vai-nos levar imenso trabalho e esse é um plano que o PSD já devia ter feito há muito mais tempo. Houve tempos em que o fez e ultimamente, por esta confusão e por esta instabilidade que havia, não chegava tanto às populações. E é aí que nós queremos estar, pois o PSD sempre foi um partido do povo, que sempre esteve junto das dificuldades, dos problemas e dos anseios das pessoas. Ora, este Concelho nunca teve um Plano Estratégico e nós queremos contribuir com algumas ideias para esse plano. Há empresas no nosso Concelho que vão contribuir para desenvolver planos estratégicos ao nível das freguesias, onde nós também perspectivamos a realidade dessa forma, porque há freguesias que têm identidades próprias. Para onde é que vamos nos próximos dez anos? Temos um QREN. Quais são as linhas estratégicas deste QREN? Quais são as nossas potencialidades? O que é que nós podemos ajudar a desenvolver? Queremos dar resposta a isso.



Está a dizer que não se importa de estabelecer rupturas com a prática política do PSD de Seia dos últimos três, quatro anos?As anteriores comissões políticas também trabalharam muito no terreno. Ainda houve algum trabalho no terreno e nós queremos reafirmar esse trabalho, porque não interessa haver um partido se não estiver a resolver problemas concretos das pessoas e a ouvi-las; e é aí que nós queremos estar. Mas nós queremos afirmar uma identidade, quer queiramos quer não. Independentemente do trabalho que elas fizeram, nós queremos afirmar a nossa linha de rumo. Não a queremos afirmar por oposição a nenhuma delas; queremos afirmá-la porque achamos que é desta forma que devemos estar, porque nas conversas que temos tido vimos constatando que esses são os reais problemas, mais do que os conflitos internos, que têm o seu lugar próprio para discussão. Mas não devem ser estes conflitos, que existem dentro do partido, que devem ocupar a grande tarefa do PSD. Isso vai-se gerindo como numa família, mas gerindo os problemas internos sempre no sentido de melhorar o partido e é assim que vamos fazer. Não há volta a dar: com regras, porque este partido tem normas e regulamentos e as coisas não são feitas “ad-hoc”.



Falemos agora de outro aspecto importante. O que pensa da forma como o actual executivo municipal socialista, eleito em 2005, está a desenvolver o seu programa?Este Concelho nos últimos anos tem sentido alguma apatia no desenvolvimento económico e social, mas também tem sentido algum afastamento por parte do executivo municipal em coisas tão simples quanto isto: quando, por exemplo, estou a atender uma pessoa que precisa rapidamente de falar como Sr. Presidente. Hoje para falar com o Sr. Presidente é preciso passar por três, quatro pessoas até lá chegar. Para falar com o Sr. Presidente acerca de um assunto – posso dar exemplos da minha experiência vivida – leva demasiado tempo, num Concelho que precisa rapidamente de resolver os problemas e implementar dinamismo. Esta questão é fundamental, porque os nossos concelhos vizinhos não perdem tempo nem demoram muito tempo a tomar algumas decisões que são urgentes. É importante que um Presidente e o executivo não demorem três, quatro meses a atender uma pessoa, como me aconteceu a mim em casos concretos, que não demorem [a atender] o cidadão comum. Muitos assuntos são trabalhados por outros da sua equipa, mas para receber um empresário, para trabalhar e cativar empresas do exterior isso tem que ser com o Presidente. Um empresário não pode esperar três meses para ser atendido. Não, porque os outros concelhos agarram nestes empresários e implementam as suas empresas nos seus concelhos. Darei dois ou três exemplos concretos do que estou a falar. Não se pode esperar um ano e meio para que um empresário tenha uma decisão sobre um apoio relativo a um determinado módulo [de espaço] para se instalar. Não, porque os custos de oportunidade para o Concelho e para a criação de riqueza e de emprego são muito grandes e muito elevados. Claro que quero dar os parabéns à Câmara e à EDP pelo protocolo que acabam de firmar, que é fundamental, porque já não me lembro de há quantos anos não são criadas grandes empresas novas em Seia. A última foi o Museu do Pão, já lá vão quase dez anos; antes disso foi a ARA, há 14, 15 anos. É muito pouco dinamismo para quem precisa de injectar condições de atractividade e combate à desertificação que está a acontecer no nosso Concelho.


Portanto, em sua opinião o executivo socialista está a falhar no dinamismo de captação de investimento empresarial para o Concelho?Sem dúvida. Exemplifico com uma das conversas que tive com um dos empresários que estava na Fiagris deste ano, e que há dois anos não consegue montar o seu pavilhão porque não tem o terreno em seu nome e não tendo o terreno em seu nome não pode contrair empréstimos bancários. Isto é contraproducente quando se quer injectar dinamismo económico numa região e num Parque Industrial [da Abrunheira] – que o PSD defende há dez anos. Com atraso foi implementado, mas devia ser muito mais dinamizado. Nota-se, de longe, que a Câmara não tem tido esta sensibilidade empresarial, que é fundamental. Os empresários têm uma ideia de negócio e têm uma oportunidade de negócio no mercado, e ou se instalam rapidamente quando a sentem ou dificilmente a vão instalar. E estão a perder oportunidades de negócios, oportunidades de criar riqueza e de emprego para a região; e nós não podemos ser um obstáculo. Para isso mesmo nós vamos fazer propostas e sugestões nesta área e a primeira delas é a de ser criada uma Sociedade Gestora do Parque Industrial, onde estivessem representadas a Câmara e as associações empresariais, ligando o Parque ao meio universitário e politécnico através do Conhecimento, com a instalação de uma incubadora de base tecnológica, criando-se, assim, novas empresas com outro tipo de perfil.Nós temos aqui um eixo privilegiado entre duas cidades que estão a crescer, Covilhã e Viseu, e nós não estamos a aproveitar este eixo; e temos Coimbra e Aveiro perto. Ou seja, temos aqui um pólo de conhecimento que poderia muito bem ser atractivo para essa incubadora de base tecnológica. Também devia estar nessa Sociedade Gestora o Iapmei e a CCDRC, porque há uma estratégia regional em que nós devemos estar inseridos e não podemos andar em contra-ciclo.Mas há outra coisa aqui que é também importante. Há alguns anos atrás dizia-se que as câmaras municipais deviam ter aquilo que hoje as empresas de capital de risco põem à disposição: um determinado volume de investimentos para apoiar projectos novos e hoje isto é uma realidade através do FINICIA, que está a criar um projecto integrado através do qual as câmaras, as entidades empresariais, outros organismos associativos e uma sociedade de capital de risco conseguem implementar rapidamente projectos. Esta Sociedade Gestora era importante porque geriria este processo todo e ajudava o empresário rapidamente a instalar-se, com consultoria técnica, com o acesso aos financiamentos, com o processo de licenciamento – algo que é sempre muito complicado – bem acompanhado. E rapidamente podíamos implementar, em três, quatro meses, uma empresa no terreno


Falou na Fiagris. Acha que esta está actualmente a cumprir o papel que deve ter como feira das actividades económicas do Concelho?Sejamos claros: a Fiagris foi uma fraude este ano. Foi uma fraude para os empresários que lá estiveram, que gastaram o seu dinheiro, que criaram expectativas. Não houve espírito empresarial, que ficou completamente de fora. A Fiagris é um momento de lazer, mas deve ser essencialmente um momento de afirmação do espírito empreendedor e da capacidade empreendedora que o Concelho tem. Dou dois ou três exemplos, sugerindo, tal como o fez no ano passado o Sr. Presidente da Câmara, que haja um debate à volta desta questão. E como nunca foi pedido, nós lançamos o repto de que se faça urgentemente, porque a Fiagris do próximo ano devia começar a preparar-se no primeiro dia da Fiagris deste ano. Não se traz uma figura pública para fechar a Fiagris. Traz-se uma figura pública para abrir a Fiagris, porque a publicidade que se faz nos órgãos de comunicação social ajuda a divulgar os restantes dias. Logo aí há uma comunicação errada. A Fiagris não teve um slogan, não teve uma ideia. Outra coisa que esteve mal na Fiagris foi o facto de se ter pago ao artesão africano – não tenho nada contra isso, pelo contrário – estadia e oferecido módulos para estar ali, sendo que o artesão português foi obrigado a pagar 150 euros. Há aqui uma concorrência que eu não percebo e alguém tem que explicar isso. Que apoios damos ao nosso artesão? Realmente, é preciso dar melhor apoio a qualquer pessoa que esteja representada na Fiagris, seja ela empresário da área de serviços, da construção civil, serviços ou da Saúde – e esta última área também não esteve presente este ano e é fundamental este Concelho dar a ideia de que vai ter um espaço onde as questões da Saúde estão devidamente salvaguardadas. Não é um ícone da nossa região? Também o CISE devia estar forçosamente representado, fazendo publicidade cruzada dentro da Fiagris para promover as suas valências. O Turismo esteve completamente afastado. As escolas, então… O ensino e o Conhecimento tinham que ali estar obrigatoriamente, porque hoje só se desenvolve uma região apostando nestas questões do Conhecimento. E ele esteve completamente arredado da promoção destas valências, que são nossas e que nós temos cá. Por isso é que eu digo que a Fiagris foi uma fraude. Não foi promovida como dever ser. É fundamental que a Fiagris tenha uma promoção durante um ano, não seja feita e organizada em três, quatro meses. É de pormenores que se fazem os grandes ou maus eventos e eu digo isto porque a Fiagris continua a ser o grande momento de apoio aos nossos empresários e empreendedores, porque também há muitos organismos que estiveram completamente afastados.Eu lembro-me de que o Sr. Presidente disse que este ano era o ano zero da Fiagris; eu acho que foi o ano menos dois. O ano zero foi em 2005 e a partir dali devíamos ter aprendido como é que realmente se deve fazer, porque a Fiagris tem que ser consolidada. Não se pode começar e fazer uma belíssima Fiagris, criar expectativas elevadas e um ano ou dois anos depois voltar a cair. O ano de 2005 foi um ano de eleições e a Fiagris não tem que estar colada a eleições. A Fiagris tem que estar colada à sustentabilidade do Concelho e deve ser um momento real da afirmação do nosso Concelho.

Tem, pois, propostas de profundidade para a Fiagris?Não houve o Dia do Empresário, que era fundamental. Não houve o Dia dos Produtos Endógenos, que era fundamental. A Fiagris devia ser entregue à tal Sociedade Gestora do Parque Industrial, com exigência de profissionalismo na [sua] implementação.Quer dizer que nestas diferentes áreas que referiu o balanço que faz do mandato socialista é muito crítico e negativo?Sim.Há outras áreas em que o balanço seja coincidente com este ponto de vista?Eu lembro-me de uma bandeira que o PSD encetou há 10 anos e que diz respeito às acessibilidades; e na altura mais ninguém a defendia. Sempre nos batemos imenso pelas acessibilidades porque já na altura achámos que esta região ficava uma ilha que inibia a instalação de empresas de base industrial, porque um industrial quando olha para isto vê os custos, faz uma análise estrutural e reflecte sobre a mais-valia ou não da instalação. E nada disto foi feito.


São obras que dependem agora, pelo menos em grande parte, de um Governo socialista. Mas o PSD nos últimos dez anos não esteve também por algum tempo à frente da governação do País?Exactamente, e seria uma injustiça acusar só este Governo, porque houve vários que passaram e nunca esta questão era agendada, ou deixava mesmo de estar agendada. Entrava no Plano Rodoviário Nacional e saía do Plano Rodoviário Nacional. Isto por uma razão muito simples: este é um projecto de dimensão regional, não devendo ser uma luta só de Seia, mas também de Oliveira do Hospital e Gouveia. E nunca vi estes municípios a unir esforços à volta de um projecto desta dimensão. Nós temos que criar massa crítica, “lobbies”, fazer pressão.


De qualquer maneira, o Secretário de Estado das Obras Públicas voltou a pôr recentemente na ordem do dia a construção dos IC’s, comunicando que os projectos vão para concurso público. É uma boa notícia?É uma excelente notícia, mas eu gostava é que isso fosse objecto de debate público, porque nós também temos ideias acerca disto.


Acha que o Presidente da Câmara de Seia devia ter promovido um debate sobre o assunto?Devia ter promovido um debate, porque esta é uma questão de fundo e os presidentes das câmaras deveriam ter ouvido as populações para se pronunciarem, porque há ideias, se calhar, que hoje não estão no papel e que são extremamente importantes. Se nós olharmos para o mapa rodoviário nacional veremos que uma ligação rápida a Viseu não deve ser perspectivada isoladamente, porque isso é um erro estratégico. Não é o concelho A que diz que é no seu concelho, com o B e o C a dizerem antes que é nos seus. Este era o momento oportuno de fazer a ligação destas vias rápidas a uma coisa que se chama confluência intermodal: comboio, ligação à estrada, ligação a aeródromos e assim sucessivamente, ligando e inserindo toda esta rede numa rede regional e local. Nós temos os comboios perto e temos um aeródromo que temos que potenciar. Dei-me ao trabalho de analisar mapas e se uma via rápida viesse de Viseu e passasse entre Nelas e Mangualde passava provavelmente ali em Girabolhos; e agora com a construção da barragem seria um óptimo momento para fazer a passagem por essa ponte, isto é, passaria entre Paranhos e Vila Nova de Tázem. E se viesse entroncar em Pinhanços aproveitaríamos esta situação intermodal que é fundamental para o futuro. Nós pensamos também que os túneis continuam a ser o projecto âncora para o futuro desta região. Seia ficaria na confluência de dois pólos de desenvolvimento: Covilhã e Viseu. Todo o desenvolvimento passaria por aqui.


E a Guarda?Segundo Augusto Mateus, as regiões vão-se desenvolver em torno de cidades de média dimensão e nós temos que aproveitar o desenvolvimento dessas cidades porque senão decididamente ficaremos para trás. E isto para mim é o mais importante. Este eixo de desenvolvimento para Viseu é fundamental para nós. Viseu precisa da Serra da Estrela e nós precisamos das vias rápidas que nos ligam ao mundo. Nós podemos ter o Algarve a passar pela Serra da Estrela e a passar por Seia. E Seia voltava a ter uma grande centralidade ao nível do Turismo, que está a perder para a Covilhã.


Está a divergir de uma eventual ou, a alguns níveis, já aparente opção estratégica do executivo municipal socialista pela Guarda?Eu não percebo como é que se quer pertencer a uma Área Metropolitana num dia e no dia seguinte se quer ir para a Guarda. Possivelmente o Sr. Presidente da Câmara explicará isso melhor do que eu.


Focou muito a direcção de Viseu. Acha que foi o rumo para o qual o Presidente da Câmara quis direccionar o Concelho de Seia durante algum tempo, opção que agora estará a inflectir? A questão da Saúde seria o ponto de partida para essa inflexão?Em relação ao Hospital nós somos claros. Eu não percebo, a Comissão Política não percebe como é que nos vamos ligar à Guarda quando a Guarda tem graves problemas para “segurar” os seus profissionais. As consultas de Pediatria vão estar extremamente complicadas porque têm uma escassez elevada de profissionais. Vão deixar de fazer este tipo de consultas. É algo que é dito pelos próprios responsáveis do Serviço de Pediatria. A Guarda não consegue no seu próprio Hospital estabilizar um corpo que permita ao utente ter a segurança do serviço que é prestado. Vejo aqui saídas forçadas com esta nova legislação das contratações que põem em perigo a Medicina A, a Medicina B, a Ortopedia, etc. Este é o serviço que nós queremos prestar aos nossos concidadãos? Nós queremos um Hospital que dê garantias de saúde e de segurança ao cidadão senense. Com este quadro de instabilidade, a Guarda não as dá de certeza absoluta. Nesta questão da Saúde somos frontalmente a favor da ligação a Viseu. Nós ainda podíamos ganhar outra centralidade se Seia conseguisse formar à volta do seu Hospital uma Unidade Local de Saúde, nesta trajectória de ser importante na Serra da Estrela. Mais uma vez, com esta centralidade nós poderíamos ganhar aqui dimensão e importância para o Hospital de Seia, que foi uma “guerra” da comunidade inteira e em particular do PSD. Agora, eu não percebo como é que se opta pela Guarda com este quadro de instabilidade de serviços de Saúde e quando nós sabemos a importância que a Saúde tem para as pessoas, para as famílias e para a estabilidade. Um dos factores de atractividade nos concelhos é a segurança que a Saúde permite dar.


Estão a pensar fazer alguma coisa para inverter a situação?Nós vamo-nos manifestar e vamos enviar uma carta a dizer que não concordamos com esta solução.Pensam mobilizar a população para dar a sua opinião?Se necessário for. Para já vamos comunicar a nossa opinião à Câmara, ao Hospital, explicando que achamos esta uma opção estratégica errada e que isto tem um rosto: o PS. Esta inflexão faz-me confusão! E depois argumentar que o motivo histórico é a razão que nos liga à Guarda… Os senenses não querem motivos históricos, os senenses querem a sua Saúde preservada.


Como Presidente do PSD de Seia acha, portanto, que estes dois anos de mandato do executivo municipal socialista estão a conduzir o Concelho para um caminho errado?Acho isso a vários níveis. Desde logo ao nível empresarial, como disse, porque não se dinamiza o parque industrial, apresentado em 2003 e que continua por ocupar. Não entendo como é possível a uma região parar desta forma. E o mais complicado é que tem nas suas hostes gente altamente empreendedora. Dou um exemplo. Em Junho de 2005 tentei falar com o Sr. Presidente da Câmara para lhe apresentar a ideia de uma empresa que se queria instalar em Seia. Insisti nos telefonemas. Obviamente não disse qual era o assunto; só disse que precisava urgentemente de falar com ele. Só em meados de Setembro, depois de vir de férias, é que a Câmara se dignou abordar o assunto para discussão. É obvio que os empresários não esperam três meses para instalar uma empresa destas. Esta empresa está [agora] num concelho vizinho e emprega cerca de 200 pessoas. É uma ideia jovem, a trabalhar em linhas de produção com organização de trabalho altamente qualificado, em “auto-cads”, e nós não podemos dispensar estas pessoas. Nós temos que as agarrar. Se eu sei que ela existe, eu tenho que lá estar. Esta mesma questão já aconteceu este ano. E não pode acontecer isto.


De que empresa estamos a falar?Posso dizer que é um grande grupo português que está a deslocalizar as suas empresas de Lisboa para cá e que vai produzir linhas de produtos específicos para o IKEA. A empresa já está num dos concelhos vizinhos mas em 2005 propôs-se vir para Seia, precisando na altura urgentemente de espaço, pelo menos de 2.000 metros de área coberta para produzir para a Península Ibérica. A empresa, em Julho deste ano, voltou a manifestar interesse em vir para Seia – porque temos uma vantagem competitiva em relação aos vizinhos que é uma base de trabalhadores qualificados na área da costura industrial, que o IEFP local pode disponibilizar e trabalhar –, precisando agora de 4.000 metros quadrados, que podem ir até 7 ou 8 mil metros quadrados de área coberta, para, repito, produzir para o Grupo IKEA a nível mundial. Para que não fosse acusado de protagonismo político, dei os contactos ao Gabinete de Apoio do Presidente, mas até à passada sexta-feira [dia 14] o empresário em causa ainda não tinha sido contactado. Para o arranque eram precisas 50 pessoas; no prazo de um ano passava para 120, e só para uma das linhas, que é só de sofás. A empresa pretende instalar três ou quatro linhas e é só multiplicar. Quanto é que nós estamos a perder? Nelas e Arganil andam atrás deste investimento. Eu se soubesse isto não largava o empresário.


Se o PSD liderasse o executivo municipal de Seia tudo seria necessariamente diferente disto?Não tenha a menor dúvida.


Já que referiu o IEFP, como viu as recentes alterações na estrutura em Seia, que conduziram à exoneração do antigo director e agora à nomeação de outro unicamente “em gestão” por seis meses?Acho que não se pode dispensar a qualidade técnica de profissionais do gabarito do Dr. Mário Júlio, ainda mais quando o processo [que lhe foi movido] foi arquivado sem provas nenhumas. O País e esta região em concreto não podem dispensar, e faço minhas as palavras do Sr. Presidente da República, nós não estamos em condições de dispensar pessoas de tamanha qualidade técnica, até porque ele passou por todos os governos de todas as alas políticas e este trabalho tinha que ser valorizado. E é uma das pessoas que é uma das mais-valias para o nosso Concelho. Quanto às nomeações: é normal quando há mudanças de partido.O PSD de Seia está tranquilo com a nomeação do novo director do IEFP de Seia?Eu sei que o IEFP tem nos seus quadros belíssimos trabalhadores, que conseguiram sustentar desde Fevereiro até hoje o trabalho do Instituto de Emprego, e penso que o próximo director vai ter uma equipa para o ajudar também a trabalhar no combate ao desemprego, que é fundamental na nossa região. E isso o anterior director conseguiu-o fazer e muito bem, numa região com grande carência de emprego. Ao futuro director só lhe desejo boa sorte e que aproveite as potencialidades que tem na casa, e que são muitas.


Falemos agora um pouco mais do PSD. Está contente com a actuação dos dois actuais vereadores eleitos neste mandato pelo seu partido?Nós temos conversado de forma a arranjarmos estratégias comuns para trabalhar em conjunto. E isso é o mais importante.Mas está satisfeito com a actuação dos dois vereadores do PSD?Deixe-me dizer-lhe o seguinte: nós em conjunto temos desafios e temos que os agarrar. Não é fácil trabalhar num Concelho onde o PS é há muitos, muitos anos, poder. Não é fácil. Temos é que trabalhar, porque é a única forma de nós próprios nos sentirmos realizados. Eu não posso deixar de estar contente ou descontente, tenho é que trabalhar com eles e isso é que é importante.


Como é que aprecia o trabalho do grupo parlamentar do PSD na Assembleia Municipal e o dos autarcas social-democratas que nas freguesias exercem o poder?Eu não sei quais foram as linhas estratégicas que a outra Comissão Política tinha e para me pronunciar tinha que conhecer em profundidade qual foi a estratégica que a Comissão Política teve e desenvolveu e que trabalho fez. Eu sei é aquela que nós temos que fazer e a partir daí, daqui a dois anos, terei que me pronunciar forçosamente. Quem estiver com esta filosofia e com esta equipa tem que trabalhar forçosamente, mas não é só trabalhar só para o partido, é trabalhar para a comunidade, porque se o não fizermos não vale a pena aqui estar. Nós, vereação e grupo da Assembleia Municipal todos temos que estar com esta filosofia, porque trabalhar para as nossas entranhas não resolve nada, não resolve e nem nos credibiliza, nem as pessoas confiam em nós. É por isso que nós queremos lançar o Plano [a dez anos], para que haja, para já, possibilidade de toda esta equipa, e, mais do que isso, da comunidade senense, se pronunciar sobre as nossas linhas estratégicas, que vão ser inseridas no “site” do PSD. Gostaríamos que associações empresariais, bombeiros, outras associações, o cidadão comum, pessoas dirigentes, se pronunciassem sobre estas linhas que vão, afinal, ser o traço de coesão para este trabalho conjunto.


Como explica que, por exemplo, a Carta Educativa tenha obtido parecer favorável do PSD na vereação e depois na Assembleia Municipal o PSD tenha optado por três sentidos distintos de voto? Ficou sossegado com esta atitude?Nós temos uma carta de princípios de actuação política e um dos princípios que lá está é falar claro. É obvio que não. Tem que haver coerência, tem que haver trabalho de grupo. Não pode a Comissão Política falar a uma voz, os vereadores falarem a outra e na Assembleia ainda outra, quanto mais dentro de um próprio órgão haver deliberações contrárias. Isto não pode voltar a acontecer e isto só pode ser ultrapassado quando estes debates tiverem lugar aqui nesta sede, em primeira mão. Há pessoas que obviamente tem direito a não concordar com algumas ideias, isto não é um partido de unanimismo, mas devem-no fazer aqui.


Quais são os pilares essenciais da estratégia do PSD para as próximas Eleições Autárquicas em Seia?Chegar às pessoas, ao cidadão comum. É fundamental ouvir antes de ter ideias pré-concebidas, levar este plano, esta ideia estratégica que nós temos e pedir que todas as pessoas nos ajudem a construir um projecto à volta disto. Contribuir para afastar o marasmo que existe no Concelho de Seia será um ponto importante, se conseguirmos mexer, abalar; e isso é fundamental. Mas vamos lutar pelo poder, de certeza, em 2009.Como achamos o ensino primordial, temos duas ou três propostas concretas e uma delas é o apoio à própria família. Falamos no apoio à natalidade, às condições de atractividade do Concelho para que as pessoas não saiam daqui, porque o envelhecimento do Concelho é notório. Uma proposta concreta que vamos fazer é a de que até ao 9º ano os livros e os manuais escolares sejam gratuitos. Isto está contemplado na Lei e este Governo veio reforçar ainda mais o apoio aos manuais escolares. E eu acho que o podemos fazer com muito pouco esforço financeiro, apesar da situação financeira da Câmara ser complicada. Mas este é um sinal que nós temos que dar às famílias, o de que estamos com elas para as apoiar.Outro projecto inovador que vamos lançar e que vamos debater com as escolas de todos os graus de ensino é um projecto que se intitula “Empreender”, que visa incutir desde o pré-primário até ao ensino politécnico esta questão de que temos que criar pessoas empreendedoras, com autonomia, que consigam aqui adquirir autonomia, inclusive, para que quando saírem daqui sejam mais competitivas.Outro obviamente é o do Desporto, que deve estar ligado forçosa e fundamentalmente às escolas. A aposta deve ser no Desporto Escolar, porque é onde estão os miúdos e onde nós nos podemos agarrar para projectos de vida interessantes.


Será o candidato do PSD à presidência da Câmara Municipal de Seia em 2009?Eu serei antes de mais uma voz atenta e vou propor um Conselho Consultivo Empresarial para o Concelho de Seia. Antes da candidatura do PSD nós vamos definir a importância desse projecto…Mas vamos ter Andrade Ferreira como candidato à autarquia?O tempo não é ainda oportuno para dizer isso. O oportuno é trabalhar este projecto e futuramente arranjar um perfil de pessoa que se encaixe neste perfil de projecto, nesta ideia que nós temos para o Concelho, que seja uma pessoa com capacidade de abertura, que consiga fazer “pontes” com os poderes. É fundamental.


Entretanto, em quem é que vai votar nas próximas eleições directas para Presidente do PSD?Em democracia a intenção de voto é secreta e posso adiantar que dentro da Comissão Política Concelhia do PSD de Seia foi instituída a liberdade de voto, até porque tenho as duas sensibilidades [Marques Mendes e Luís Filipe Menezes] dentro da própria Comissão.Acha que os militantes do PSD estão suficientemente esclarecidos?Não estão. Os militantes e o País querem saber qual é a ideia destes dois líderes para o PSD mas sobretudo para o País e o que pretendem neste cenário.


Está contente com a forma como Luís Marques Mendes vem conduzido o partido?O partido precisa, e eu espero que este debate interno contribua para isso, de se revitalizar, de se galvanizar, porque não consegue subir nas sondagens e passados os “estados de graça” deste Governo há que ter resultados. Eu espero que o partido tenha também um projecto para dar aos portugueses.


Já agora: como é que avalia a actuação do Governo de José Sócrates?Este Governo está a tentar encetar uma série de reformas, e muitas delas são necessárias. Não se deve nunca é fazer reformas contra as pessoas. Nós vemos a Educação: faz-se uma reforma e a classe dos professores é desprestigiada. Não se pode fazer isso, é um crime de lesa-pátria. Os professores são dos maiores elos de ligação para os sucessos e projectos de vida das pessoas e por isso não se pode diminuir a sua importância. Não se pode fechar hospitais e pôr as crianças a nascerem em ambulâncias, isto é um crime. As reformas fazem-se com mudança e não se fazem com revoluções. Revoluções num País só quando mudamos de regime.


Acredita que o seu partido pode destronar José Sócrates nas próximas Eleições Legislativas?Pode se conseguir fazer um projecto e se conseguir trabalhar para as necessidades dos portugueses. Mas para isso é preciso, depois destas eleições, estabilidade interna, acabando com as guerrilhas, tendo que haver a afirmação de um líder.


Estamos a chegar ao fim desta entrevista. Diga-nos: de que é que gosta mais no Concelho de Seia?Das pessoas. Da afectividade das pessoas.


E o que mais detesta no Concelho de Seia?A desorganização urbanística, tendo sido destruída uma identidade com essa desorganização. E nós precisamos dessa identidade para nos afirmarmos.


Qual é a sua maior ambição para o Concelho de Seia?Que pertencesse a uma grande região, à região da Serra, onde, por exemplo, Seia e Gouveia conseguissem ganhar dimensão para poderem reivindicar coisas comuns, onde Seia regionalmente fosse um concelho âncora. Seia tem no seu seio massa crítica. Seia tem estruturas e organismos que permitem pensar assim. Tem é que ter projectos.


Por fim: Seia a caminho de Viseu? Seia a caminho da Guarda? Ou Seia a caminho de Seia? Seia como um ponto estratégico e de referência entre um eixo que acho fundamental, isto é, entre Covilhã e Viseu



© Porta da Estrela

Novo Presidente do PSD promete plano estratégico para 10 anos

Andrade Ferreira, para já, apenas promete a apresentação de um programa estratégico para executar em dez anos com vista a resolver os problemas dos senenses.

António Andrade Ferreira foi eleito, no dia 6 de Julho, Presidente da Comissão Política de Secção de Seia do PSD. O ex-Director do CACE da Beira Interior - Centro de Apoio à Criação de Empresas foi o único candidato que apresentou lista. De um universo eleitoral de 84 militantes com as quotas em dia, votaram 43, tendo o novo líder obtido 42 votos favoráveis. Registou-se apenas um voto nulo.Como pilares fundamentais para um maior desenvolvimento do Concelho, o novo Presidente do PSD de Seia aponta o Empreendedorismo, o Conhecimento, a Saúde, a Educação, a Formação, o Emprego, o Urbanismo e as Acessibilidades. Destaca também que «o Parque Empresarial terá que ter um novo dinamismo, criando mais empresas e emprego mais qualificado». Sugere que se aproveite o potencial dos alunos formados nos estabelecimentos de ensino superior de Seia e da região «para que possamos ter quadros atractivos para as empresas que aqui se fixarem».Questionado pelo PE sobre se não se tratava de uma programa para uma candidatura à Câmara Municipal, António Andrade referiu que «neste momento não é essa a preocupação», sublinhando que o programa está pensado «para resolver problemas às pessoas»; mas como esses problemas são maioritariamente resolvidos por quem exerce o poder, disse: «Resolvem-se sugerindo e mostrando que isto são projectos que têm validade para serem implementados, porque só assim é que nos tornamos credíveis enquanto partido. Nós temos que ser um partido credível, que apresenta propostas credíveis e que soluciona os problemas às pessoas. A candidatura à Câmara a seu devido tempo. Este é um projecto que temos que construir para dez anos e, obviamente, se o estamos a construir para dez anos, mais tarde ou mais cedo temos que pensar na Câmara. Mas isso vem a seu devido tempo».Como este “prazo eleitoral” (10 anos) abrange o que resta deste mandato autárquico e os dois seguintes, Andrade diz que «é assim que tem que ser», porque «para mudarmos o sentido e o rumo da evolução do nosso Concelho só consigo conceber isso com um trabalho em contínuo e em maratona, que vá construindo passo a passo coisas diferentes para que os senenses também comecem a acreditar».

Credibilização do partido

Cabendo à Comissão Política agora eleita a tarefa de trabalhar na elaboração das candidaturas às próximas Eleições Autárquicas, o novo Presidente sublinhou apenas que neste momento está «disponível para trabalhar para os senenses e trabalhar para a credibilização do partido e começar a agregar à volta deste projecto todos os senenses».Como durante a noite eleitoral vários militantes falaram em dar credibilidade ao partido, uma preocupação também evidenciada pelo Presidente, ao PE Andrade apenas adiantou que «nós podemos dar serenidade e credibilidade e é isso a que nós nos propomos», escusando-se a falar das últimas direcções do partido que – era uma das “críticas” mais comummente apontadas – não tomariam posições públicas sobre a gestão do Concelho. «Eu tenho que falar por aquilo a que me proponho», sublinhou.

«Voltar a ter sorriso na cara das pessoas»

Pegando na sua experiência como responsável pela direcção do CACE, e ao percorrer os concelhos da Beira Interior e ao compará-los com Seia, recordou que muitos deles «são dinâmicos e estão sempre a perspectivar as coisas para a frente e a tentar antecipar projectos, tentar antecipar candidaturas, tentar antecipar envolvências da comunidade», sendo esta dinâmica que perspectiva para Seia. «Isso para mim é que é preocupante, porque se nós conseguirmos fazer isso com a comunidade senense voltamos a ter esperança na nossa comunidade, voltamos a ter sorriso na cara das pessoas». Admite que «vivemos um pouco num Concelho tristonho, com alguns problemas profundos», sem adiantar de quem é a culpa dessa tristeza, dizendo apenas que «a seu tempo nós falaremos sobre essas coisas, ponto por ponto e em cada um dos pilares que nós apresentaremos no programa. Vamos evidenciar exactamente de que forma é que não concordamos com determinadas políticas e o que é que nós propomos para alterar essas políticas». Adianta apenas que não irão ser feitas «críticas generalizadas, porque isso cai no vazio e nós queremos trabalhar o concreto, e o concreto tem a ver com o problema das pessoas».

Partido a uma só voz

António Andrade promete também que a Comissão Política, os Vereadores da Câmara Municipal e os deputados da Assembleia Municipal «têm que alinhar pelo mesmo diapasão», dizendo que «todos vão falar a uma só voz» e que no futuro o partido, «que tem um projecto, vai trabalhar em torno desse projecto e vai ter coerência naquilo que está a fazer». Tem consciência de que o trabalho «não será fácil», mas «por isso é que o desafio é aliciante».A nova Comissão Política de Secção de Seia é liderada por António Andrade Ferreira, seguindo-se Vanessa Canhoto e Rui Rebelo, como vice-presidentes, e Joel Baptista (como tesoureiro). Como vogais foram eleitos António Mesquita, Nuno Almeida, António Neves, José Gabriel Garcia, Daniel Melo, Cátia Pinto, Carlos Baptista, Avelino Marques e José Manuel Branquinho. Para a Mesa da Assembleia de Secção foi eleito Moisés Cainé (Presidente), Fátima Oliveira (Vice-Presidente) e Pedro Silva (Secretário). «É uma equipa que tem o perfil ideal para fazer um trabalho em profundidade. É uma equipa que não vai trabalhar sozinha, que vai trabalhar com muitas outras pessoas e envolver a comunidade senense», referiu o Presidente do PSD.Recorde-se que, como o PE oportunamente noticiou, João Tilly, deputado social-democrata à Assembleia Municipal de Seia, tinha feito chegar recentemente a vários militantes do PSD de Seia uma moção de estratégia para o partido no Concelho. Embora nesse documento nunca tenha avançado com uma candidatura aos órgãos concelhios, alguns militantes senenses supunham que essa moção se consubstanciaria, de facto, numa lista para disputar as eleições que agora tiveram lugar. Todavia, não foi o que aconteceu, não tendo o deputado municipal avançado com qualquer lista ou integrado a que agora foi eleita
Andrade Ferreira e Moisés Cainé lideram orgãos concelhiosAntónio Andrade Ferreira “espreita” candidatura à Câmara de Seia O novo Presidente do PSD de Seia não descarta a hipótese de vir a candidatar-se à Câmara Municipal. Para já, apenas promete a apresentação de um programa estratégico para executar em dez anos com vista a resolver os problemas dos senenses.António Andrade Ferreira foi eleito, no dia 6 de Julho, Presidente da Comissão Política de Secção de Seia do PSD. O ex-Director do CACE da Beira Interior - Centro de Apoio à Criação de Empresas foi o único candidato que apresentou lista. De um universo eleitoral de 84 militantes com as quotas em dia, votaram 43, tendo o novo líder obtido 42 votos favoráveis. Registou-se apenas um voto nulo.Como pilares fundamentais para um maior desenvolvimento do Concelho, o novo Presidente do PSD de Seia aponta o Empreendedorismo, o Conhecimento, a Saúde, a Educação, a Formação, o Emprego, o Urbanismo e as Acessibilidades. Destaca também que «o Parque Empresarial terá que ter um novo dinamismo, criando mais empresas e emprego mais qualificado». Sugere que se aproveite o potencial dos alunos formados nos estabelecimentos de ensino superior de Seia e da região «para que possamos ter quadros atractivos para as empresas que aqui se fixarem».Questionado pelo PE sobre se não se tratava de uma programa para uma candidatura à Câmara Municipal, António Andrade referiu que «neste momento não é essa a preocupação», sublinhando que o programa está pensado «para resolver problemas às pessoas»; mas como esses problemas são maioritariamente resolvidos por quem exerce o poder, disse: «Resolvem-se sugerindo e mostrando que isto são projectos que têm validade para serem implementados, porque só assim é que nos tornamos credíveis enquanto partido. Nós temos que ser um partido credível, que apresenta propostas credíveis e que soluciona os problemas às pessoas. A candidatura à Câmara a seu devido tempo. Este é um projecto que temos que construir para dez anos e, obviamente, se o estamos a construir para dez anos, mais tarde ou mais cedo temos que pensar na Câmara. Mas isso vem a seu devido tempo».Como este “prazo eleitoral” (10 anos) abrange o que resta deste mandato autárquico e os dois seguintes, Andrade diz que «é assim que tem que ser», porque «para mudarmos o sentido e o rumo da evolução do nosso Concelho só consigo conceber isso com um trabalho em contínuo e em maratona, que vá construindo passo a passo coisas diferentes para que os senenses também comecem a acreditar».Credibilização do partidoCabendo à Comissão Política agora eleita a tarefa de trabalhar na elaboração das candidaturas às próximas Eleições Autárquicas, o novo Presidente sublinhou apenas que neste momento está «disponível para trabalhar para os senenses e trabalhar para a credibilização do partido e começar a agregar à volta deste projecto todos os senenses».Como durante a noite eleitoral vários militantes falaram em dar credibilidade ao partido, uma preocupação também evidenciada pelo Presidente, ao PE Andrade apenas adiantou que «nós podemos dar serenidade e credibilidade e é isso a que nós nos propomos», escusando-se a falar das últimas direcções do partido que – era uma das “críticas” mais comummente apontadas – não tomariam posições públicas sobre a gestão do Concelho. «Eu tenho que falar por aquilo a que me proponho», sublinhou.«Voltar a ter sorriso na cara das pessoas»Pegando na sua experiência como responsável pela direcção do CACE, e ao percorrer os concelhos da Beira Interior e ao compará-los com Seia, recordou que muitos deles «são dinâmicos e estão sempre a perspectivar as coisas para a frente e a tentar antecipar projectos, tentar antecipar candidaturas, tentar antecipar envolvências da comunidade», sendo esta dinâmica que perspectiva para Seia. «Isso para mim é que é preocupante, porque se nós conseguirmos fazer isso com a comunidade senense voltamos a ter esperança na nossa comunidade, voltamos a ter sorriso na cara das pessoas». Admite que «vivemos um pouco num Concelho tristonho, com alguns problemas profundos», sem adiantar de quem é a culpa dessa tristeza, dizendo apenas que «a seu tempo nós falaremos sobre essas coisas, ponto por ponto e em cada um dos pilares que nós apresentaremos no programa. Vamos evidenciar exactamente de que forma é que não concordamos com determinadas políticas e o que é que nós propomos para alterar essas políticas». Adianta apenas que não irão ser feitas «críticas generalizadas, porque isso cai no vazio e nós queremos trabalhar o concreto, e o concreto tem a ver com o problema das pessoas».Partido a uma só vozAntónio Andrade promete também que a Comissão Política, os Vereadores da Câmara Municipal e os deputados da Assembleia Municipal «têm que alinhar pelo mesmo diapasão», dizendo que «todos vão falar a uma só voz» e que no futuro o partido, «que tem um projecto, vai trabalhar em torno desse projecto e vai ter coerência naquilo que está a fazer». Tem consciência de que o trabalho «não será fácil», mas «por isso é que o desafio é aliciante».A nova Comissão Política de Secção de Seia é liderada por António Andrade Ferreira, seguindo-se Vanessa Canhoto e Rui Rebelo, como vice-presidentes, e Joel Baptista (como tesoureiro). Como vogais foram eleitos António Mesquita, Nuno Almeida, António Neves, José Gabriel Garcia, Daniel Melo, Cátia Pinto, Carlos Baptista, Avelino Marques e José Manuel Branquinho. Para a Mesa da Assembleia de Secção foi eleito Moisés Cainé (Presidente), Fátima Oliveira (Vice-Presidente) e Pedro Silva (Secretário). «É uma equipa que tem o perfil ideal para fazer um trabalho em profundidade. É uma equipa que não vai trabalhar sozinha, que vai trabalhar com muitas outras pessoas e envolver a comunidade senense», referiu o Presidente do PSD.Recorde-se que, como o PE oportunamente noticiou, João Tilly, deputado social-democrata à Assembleia Municipal de Seia, tinha feito chegar recentemente a vários militantes do PSD de Seia uma moção de estratégia para o partido no Concelho. Embora nesse documento nunca tenha avançado com uma candidatura aos órgãos concelhios, alguns militantes senenses supunham que essa moção se consubstanciaria, de facto, numa lista para disputar as eleições que agora tiveram lugar. Todavia, não foi o que aconteceu, não tendo o deputado municipal avançado com qualquer lista ou integrado a que agora foi eleita.
Fonte " Jornal Porta da Estreça "